sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Brasil poderia lucrar com veto no desmatamento

O Brasil poderia lucrar em torno de US$900 milhões até 2030 com a interrupção do desmatamento da Amazônia, segundo estudo do Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID).
O relatório, que analisou os efeitos da agricultura e da segurança alimentar ao prever limitações ao desmate dessa região, assinalou que outras localidades brasileiras ainda subutilizadas poderiam aumentar bastante a produção com o fim do desmatamento para abertura de terras para agricultura e pasto na Amazônia.
Regiões como o vale do São Franscisco e o Sul do país teriam um ganho produtivo maior se fosse vetado o desmatamento amazônico, segundo o BID. Esse efeito econômico, aumento de produção de outras regiões com relativa diminuição da outra, é conhecido como “spillover” (transbordamento) e, nesse caso, apresentaria prós e contras para a nação, pelas informações da BBC Brasil.
Benefícios
Além dos milhões de reais que o Brasil lucraria com aumento da produtividade de outros lugares, o país também “economizaria” cerca de 3,3 milhões de hectares de florestas, um território de Sergipe e meio, e evitaria o lançamento de 2,2 bilhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera.
Sobre a possibilidade do hipotético fim do desmate na Amazônia, o economista de recursos naturais do BID e um dos coordenadores da pesquisa Eirivelthon Lima, analisou que o Brasil é um dos mais preparados da América Latina para reter os impactos das restrições ao desmatamento. E a crescente diminuição da taxa de desmatamento na Amazônia Legal tem contribuído para isso.
Fim do Desmatamento x Desenvolvimento
Porém, a principal questão que impossibilita o fim dos desmates está relacionada ao desenvolvimento do país. Não só no Brasil como em toda América Latina existe um grande desafio quanto a essa situação. Como parar de remover as florestas ao mesmo tempo em que cresce a demanda para a produção agrícola agregada por comida?
Na opinião de Lima, “uma das saídas é investir na produtividade e na tecnologia agrícola (para produzir mais sem sacrificar florestas). Mas isso não basta. É preciso também fortalecer as políticas de proteção ambiental.” É por isso que o BID sugere um pouco de cautela nas restrições ao desmatamento. “Ainda carecemos de estudos que façam a correlação entre desmatamento e segurança alimentícia.”
O veto provocaria também grandes problemas para os produtores rurais da Amazônia, que, para Lima, deveriam ter recompensas. Só assim os lucros e benefícios do fim dos desmates seriam justificados, já que o banco calcula que as perdas em receita agrícola de um eventual veto poderiam chegar a US$ 12,7 bilhões em 2030 nos países latino-americanos.
(EcoD)

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